LIBERDADE
LIBERDADE
Por José Passini
O desejo de ser livre é inato. É tão inerente à criatura que se pode dizer fazer parte da herança divina, concedida desde a sua criação. A busca da liberdade, no ser humano, é tão natural como o é a busca da luz pela planta. É, seguramente, o anseio pela liberdade um dos impulsos mais fortes dentre os experimentados por todos os que têm a capacidade de sentir.
Entretanto, se é verdade que esse desejo sagrado do exercício da própria liberdade é inerente ao ser humano, não menos verdade é que os Espíritos ainda dominados pelo egoísmo buscam cercear a liberdade dos outros. […]
Se, nesses dois mil anos que se passaram desde as pregações de Jesus, houvessem sido postos em prática os ensinamentos do Seu Evangelho, o homem teria aprendido que a sua liberdade termina exatamente onde começa a do seu próximo, e que não lhe é lícito impor a outrem aquilo que não quer para si. […]
Entretanto, nem mesmo a nobre lição de Jesus conseguiu que se banisse da Terra a prática nefasta de se negar, à criatura, o direito de se relacionar livremente, como bem lhe aprouvesse, com o seu Criador. Quanta perseguição religiosa conheceram os séculos posteriores, em nome do maior libertador de consciências que o mundo conheceu? […]
Quantos, em nome da liberdade de expressão agridem outras pessoas através do mau uso da palavra? E o que dizer daqueles que, noite adentro, no pretenso uso da sua liberdade, desrespeitam o direito ao sono de outras pessoas? Quantos, usando da liberdade de dirigir seu carro, não imprimem velocidade excessiva, pondo em risco a vida do seu semelhante? […]
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jo, 8:32) Com tal afirmativa, o Mestre certamente nos quer dizer que a verdadeira liberdade é aquela do Espírito, nascida da compreensão, do entendimento das leis da vida, pois à medida que o Espírito conhece a verdade, aprende a usar a sua liberdade com sabedoria, em consonância com os princípios de respeito à liberdade do próximo.
Mas, muitos se dizem livres e, por não conhecerem a Verdade, são escravos de paixões, do álcool, do fumo, de drogas, do sexo, da gula. A criatura que busca a Verdade, através do estudo e da meditação, vai-se libertando de jugo de interesses transitórios e ligando-se àquilo que tem importância para ela diante da Eternidade.
Quantos se dizem livres e são escravos da propaganda? É exatamente pela falta de reflexão que o homem se escraviza à moda, ao consumismo, tudo isso em nome da liberdade de escolha.
O ser humano, por falta de uma visão mais profunda da vida, está sempre tentando usar a sua liberdade em detrimento do direito do seu próximo. Não é exemplo disso a atitude de criaturas que, diante de uma gravidez indesejada, dizem: “sou uma criatura livre, tenho direito de decidir sobre o meu corpo, a minha vida me pertence”? Entretanto, não se lembram que, aquele ser cujo corpo está se formando em seu seio, pode dizer que também ele tem direito à vida, à liberdade de viver.
Uma pessoa sensata sempre deve pensar: será que a minha liberdade não estará esbarrando na liberdade, no direito do meu próximo? Estou observando se o mesmo direito que desejo em relação aos outros esteja sendo observado por mim?
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