Psicografia Outubro 2018

PSICOGRAFIA: GRATIDÃO A ALLAN KARDEC

Quando as ciências se afirmavam e a fé cega
cedia lugar à razão, ele soube arrancar dos
fenômenos curiosos das mesas girantes uma
doutrina integral.

Portador de sensibilidade acurada,
mantendo um alto senso crítico, dotado de
inteligência rara, Allan Kardec mergulhou o
bisturi da investigação no organismo da morte e
estabeleceu a linha direcional para o
comportamento humano responsável em torno
da imortalidade.

Ele não se deteve no umbral das
investigações, fascinado pelas informações
espirituais que lhe chegaram. Tampouco permitiu
se apaixonar, em momento nenhum, pelas
conquistas enobrecedoras.

Perquiriu, com raciocínio claro,
examinou com imparcialidade, investiu o tempo
e a vida na busca da Verdade, para brindar à
Humanidade com o Consolador que Jesus Havia
prometido.

Dotado de uma óptica invulgar, soube esperar as
gemas dos seixos, os diamantes estelares dos
pedregulhos, com eles formando um colar de
rara beleza para adornar a vida, tornando-a
bem-aventurada.

Investindo o que havia de mais precioso no
conhecimento, para que a Doutrina Espírita
pudesse sobreviver à marcha do progresso,
examinou os mais intrigantes problemas do
comportamento humano à luz da reencarnação,
oferecendo uma filosofia pragmática, alicerçada
no cartesianismo, facultando no futuro enfrentar
com altivez a derrocada da ética e da cultura,
qual ocorre nestes dias.

Confrontou os dogmas religiosos com a
realidade da Ciência, e, fazendo-os implodir,
propôs a religião do amor universal tendo por
fundamento as bases essenciais de todas elas,
com os seus componentes confirmados pela
investigação científica, do que resultou uma
saudável filosofia comportamental.

Profetizou a evolução da humanidade
e o papel que o Espiritismo deveria desempenhar
na transformação do homem.

Advertiu todos aqueles que se adentrassem no
comportamento espírita para que examinassem
em profundidade a Doutrina, não se deixando
embair pelas idéias fantasistas ou pelas profecias
de arrastamento, sem conteúdo.

E hoje, quando o Espiritismo sensibiliza milhões
de vidas, o seu Movimento parecer deperecer,
perdendo em qualidade o que adquire em
quantidade.

Adeptos precipitados tentam enxertar conceitos
supersticiosos no organismo impoluto da
Doutrina que dispensa apêndices, permanecendo
ideal conforme foi legada por Allan Kardec.

A invigilância de alguns simpatizantes procura
adaptar crendices ultramontanas ao texto
doutrinário, para acomodar interesses imediatos
e vazios, por falta de coragem para arrostar as
conseqüências da fé na sua legitimidade.

O Espiritismo sobrepõe-se-lhes,
porque nenhum exotismo pode fazer parte do
seu contexto.

Teimam introduzir no seu conteúdo
superior práticas que, embora respeitáveis, são
do Orientalismo, não se coadunando com a
tecedura da verdade de que Allan Kardec se fez
intermediário consciente.

A Doutrina Espírita, não obstante, respeitando
todos os comportamentos religiosos e éticos da
Humanidade, permanece acima de qualquer
conotação suspeita ou desfiguração nas suas
bases. Portanto, a Codificação Espírita se
mantém inamovível, num todo granítico,
iluminando o pensamento e explicando a
causalidade da vida e a realidade do homem.

O mediunismo desorganizado e sensacionalista
atrai a atenção para os fenômenos corriqueiros
da saúde e da fantasia, de certo modo tentando
transformar o Espiritismo em uma seita de
significado impreciso.

Cabe, desse modo, ao espírita consciente tolerar,
mas não ser conivente; respeitar, mas não
concordar com as tentativas de intromissão de

seitas, de práticas, de crendices e superstições
que fizeram a glória da ignorância nas gerações
passadas, poupando a Doutrina Espírita desse
vandalismo injustificável, ao mesmo tempo
convidando todos a uma releitura das suas bases
em confronto com os avanços do conhecimento
hodierno, para que se reafirme a
indestrutibilidade dos seus ensinamentos,
confirmados, a cada momento, pelas conquistas
da razão, da tecnologia e da ciência.

O Espiritismo é a Doutrina que vem de Jesus por
meio dos imortais, codificada pelo pensamento
ímpar de Allan Kardec para assinalar a era do
Espírito imortal e permanecer traçando as
diretrizes para as gerações do futuro que nos
cumpre, desde agora, preservar mediante uma
conduta saudável, impoluta e compatível com os
postulados que fulguram nesse colosso, que é o
Espiritismo, a Doutrina libertadora dos novos
tempos.

A tarefa de esclarecer os homens e orientá-los,
sem medo nem tergiversações, é emergente,
dando prosseguimento ao ministério iniciado por
Allan Kardec, que se propagará como centelha
crepitante em combustível que a aguarda, para
dar-se o grande amanhecer moral e espiritual
para onde marchamos, nosso futuro próximo e
libertador.

Autor: Vianna de Carvalho
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Reflexões Espíritas