LEI DE CONSERVAÇÃO
Instinto de Conservação
O instinto de conservação é também uma lei da natureza, pois a vida no corpo físico é necessária ao aperfeiçoamento dos seres vivos; sem este instinto, não suportariam as dificuldades terrenas, imprescindíveis à sua evolução. Todos os seres vivos o possuem, qualquer que seja o grau de inteligência; nuns é puramente mecânico e noutros é racional (LE, 702).
Portanto, partindo-se da premissa de ser o instinto de conservação inerente a todos os seres vivos, deduz-se ser ele a base do direito de viver, o primeiro de todos os direitos naturais dos homens.
Meios de Conservação
A providência divina jamais deixa de proporcionar ao homem os meios de sua subsistência, uma vez que a própria natureza é pródiga no que diz respeito às necessidades de conservação da vida material. Contudo, embora a terra ofereça condições para tal, o abuso, a negligência e o egoísmo do homem agridem de tal forma o meio ambiente, acarretando prejuízos para si próprio e à coletividade. Consequentemente, o próprio homem é responsável quando há escassez de recursos, ao contrariar a lei divina que provê os meios de conservação da vida. […]
Necessário e Supérfluo
Todo homem ponderado, ciente de seus deveres para com o próximo, identifica facilmente, através da sua intuição, o limite entre o que lhe é necessário à sua subsistência, e o que lhe é supérfluo; a própria natureza encarrega-se de lhe prover o necessário, através do seu trabalho. Contudo, muitos chegam a reconhecer este limite somente após dolorosas experiências; e se existem criaturas que não se contentam com o que lhes bastam, é porque são insaciáveis. […]
Privações Voluntárias
A Lei de Conservação obriga o homem a prover as necessidades do corpo, porque sem força e saúde tornar-se-ia impossível o seu trabalho. Portanto, não se pode censurá-lo quando procura o seu bem-estar, pois procurar seu conforto é uma conduta plenamente natural. Deus só proíbe o abuso quando se configura em uma transgressão à Lei de Conservação, quando se conquista algo à expensa de alguém ou que venha a debilitar suas forças morais e físicas.
Há privações voluntárias como, por exemplo, dos prazeres inúteis, que nada acrescentam ao progresso moral e intelectual; tais privações tem o seu valor perante Deus porque levam o homem ao desapego da matéria e lhe elevam o Espírito; do mesmo modo, há mérito também no ato de abster-se do necessário para dar aos que nada tem. […]
Provas Voluntárias
No que diz respeito às provas, poder-se-ia questionar se seria lícito, perante as leis divinas, as criaturas procurarem amenizar seus sofrimentos. Esta questão assemelha-se àquela em que se indaga se é permitido ao que se afoga, procurar salvar-se; ao que se feriu em um espinho, retirá-lo e ao que está doente, procurar ajuda médica. As provas a que os Espíritos encarnados estão submetidos têm por objetivo exercitar a inteligência, a paciência e a resignação. Isto porque normalmente os Espíritos encarnam em situações difíceis justamente para serem obrigados a procurar os meios de superar seus limites e vencer as dificuldades inerentes à condição humana. […]
Assim, o verdadeiro cilício consiste no sacrifício que tem por finalidade o progresso espiritual; mortificar o Espírito e não o corpo, significa combater o orgulho, aceitar as humilhações sem revolta, sufocando o amor-próprio eivado de orgulho. Aí tendes o verdadeiro cilício, cujas feridas vos serão contadas, porque elas atestarão vossa coragem e submissão à vontade de Deus.
Bibliografia: ESE, Cap. V, item 26. (ESE, Cap. V, item 6).
Disponível em: http://www.acasadoespiritismo.com.br/grupoestudos/200507.htm
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